INOVAÇÃO: AES Eletropaulo quer ampliar geração de patentes

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A inovação ocupa um lugar estratégico na AES Eletropaulo. E para garantir avanços nessa área, a empresa trabalha em ritmo acelerado, o que envolve conduzir vários e diversificados projetos quase que ao mesmo tempo. Isso pode significar, por exemplo, a utilização de drones e robôs aquáticos para vistoriar os leitos dos rios e águas profundas, desenvolver estudos para que a companhia possa participar do futuro das casas inteligentes, implantar sistemas de Big Data para extrair valor dos dados que apura e sensores que estão lhe colocando no mundo da Internet das Coisas, continuar lançando novos aplicativos, buscar fontes alternativas de energia, ou ainda se estruturar para trabalhar no conceito de inovação aberta com parceiros. Ou ainda investir,  no caso um total de R$ 75 milhões, em uma rede inteligente que promete trazer mais qualidade de atendimento — uma área crítica nesse mercado — além de poder se tornar base para outros programas. Mas no meio desse processo, a concessionária de energia elétrica também tem uma proposta que lhe coloca em uma lista privilegiada no mundo corporativo, a de ampliar a geração de patentes. Até agora, foram 10 patentes registradas que poderão, inclusive, gerar novas receitas com o licenciamento de produtos para o mercado energético.

Com investimentos de R$ 24 milhões para pesquisa e desenvolvimento tecnológico e cientifíco em 2014, a AES Eletropaulo trabalha com três focos na área de inovação: novas tecnologias; novos modelos de negócios; e serviços inovadores para os clientes. Segundo Jose Eugênio Junqueira Hudson, diretor de Inovação e Novos Negócios da Distribuição da AES Eletropaulo, a inovação é um dos pilares da empresa no Brasil e do próprio grupo AES, presente em 18 países onde também investe significativamente em P&D.

No caso de novas tecnologias, a empresa vem acumulando soluções no seu portfolio operacional. Esse é o caso, por exemplo, dos drones, adaptados pela companhia e em utilização desde o final de 2013 para supervisão da rede nas bacias do Tietê e Rio Grande. A eles se somaram os robôs aquáticos, que operam baseados em controles remotos via rádio e estão sendo utilizados no Tietê para vistoria em águas profundas. De 2009 a 2014, a AES Eletropaulo investiu R$ 3,1 milhões em um projeto de desenvolvimento de um regulador de tensão portátil para redes de distribuição de baixa tensão, finalizado este ano e devidamente patenteado. Ele permite que diante de qualquer problema o nível de tensão fique estável, provisoriamente, enquanto se busca resolver o ocorrido. O equipamento chama a atenção pela portabilidade, já que pode ser instalado em postes próximos aos consumidores em áreas mais problemáticas.

Para Hudson, o regulador de tensão — e seu licenciamento — é um bom exemplo dos resultados que podem ser obtidos com a desejada ampliação de registro de patentes. “Temos investido muito em inovação e, com isso, ampliado a geração de patentes de soluções que são, e serão, aplicadas na companhia. Estamos trabalhando para expandir ainda mais os produtos patenteados. Mas eles também têm um grande valor para o ecossistema de energia elétrica e alternativa do licenciamento pode contribuir para melhorar todo o sistema e ainda ser uma forma de monetizar essa área”, observou o executivo.

Pelos resultados que deverá proporcionar, o projeto Redes Elétricas Inteligentes (smart grid) da empresa é encarado tanto como novas tecnologias quanto melhorias na qualidade do atendimento ao consumidor. Mas Hudson lembra que ele terá um peso igualmente importante para o uso eficiente dos recursos. “A infraestrutura vai permitir que seja melhor aplicada a modulação de horários para a entrega de energia assim como permitir que problemas possam ser resolvidos remotamente, ou mesmo antecipados”, observou.

Smart grid

No ano passado, o projeto Redes Inteligentes recebeu investimentos de R$ 3,3 milhões na implementação de um sistema de medição para duas mil famílias na cidade de Barueri. Os medidores inteligentes funcionarão integrados à solução de comunicação e transmitirão as informações à AES Eletropaulo, em conjunto com as soluções de automação avançada da rede que também estão sendo implementadas, e permitirão identificar remotamente eventuais ocorrências no fornecimento de energia, isolar o defeito e, dependendo do motivo da falha, até restabelecer o sistema remotamente. Durante o ano foram feitas parcerias com empresas de tecnologia para a fabricação de medidores inteligentes e soluções de comunicação de rede do projeto, somando cerca de R$ 40 milhões em contratos.

O projeto, financiado pela Finep, prevê a instalação de 62 mil medidores inteligentes, dos quais 2 mil em comunidades de baixa renda, atingindo diretamente 250 mil pessoas. Previsto para ser finalizado até 2017, o piloto de smart grid trabalha com o módulo de comunicação co-desenvolvido pela Cisco. A solução integra as tecnologias de radiofrequência – que transmite as informações por meio de rede sem fio (RF MESH 6LowPAN) – e PLC (Power Line Communication) – protocolo que utiliza o próprio cabo elétrico para transmissão de dados.

A rede inteligente traz ainda um efeito colateral para a AES Eletropaulo, o de ampliar significativamente o número de informações das 6,8 milhões de unidades consumidoras em tempo real que irá receber. É nesse quadro que a empresa pretende reforçar sua área de analíticos, onde já utiliza sistemas de BI (Business Intelligence), com plataformas mais potentes de Big Data. “Com isso, alavancamos bastante o valor desses dados para formulação de novos serviços ou produtos”, comentou Hudson.

E, de alguma forma, leva a empresa para enfrentar “a próxima onda”, a da Internet das Coisas. Pela capilaridade, presente quase na totalidade dos domícilios da região que atende, e pelas tecnologias que estão sendo aplicadas, Hudson acredita que a companhia poderá desempenhar um papel importante nessa área, principalmente quando se trata de “casas inteligentes”. “Nós podemos ser o grande hub para concentrar as tecnologias que estarão presentes dentro de uma casa”, afirmou.

Quando se trata do pilar de inovação em modelos de negócios, o executivo considera que a criação da AES Serviços, em 2012, representa bem esse papel. “Ela foi criada para auxiliar os grandes clientes que precisam melhorar a gestão de energia”, contou. A nova subsidiária atua desde a consultoria, desenvolvimento e implementação do projeto até manutenção e operação da área energética dos consumidores. Com cerca de 20 clientes, a empresa expandiu 200% do seu faturamento que, entretanto, não pode ser revelado. “Queremos consolidar o papel da AES Serviços e garantir seu crescimento contínuo”, afirmou Hudson.

Entre os próximos desafios, o executivo também está preparando a empresa para trabalhar no conceito de inovação aberta, com estabelecimento de parcerias com startups, empresas, incubadoras e outros movimentos. “Estamos nos aproximando mais da forma como a inovação está acontecendo no mundo para trazer as grandes ideias também de fora para dentro da companhia”, ressaltou.

Na lista de tarefas pesa ainda uma outra, muito mais interna mas que poderá ter reflexos positivos para a cultura empresarial da inovação. De olho nas melhorias e otimização dos processos, a AES Eletropaulo implantou o APEX, programa de excelência desenvolvido globalmente. “Queremos replicar o Apex para a área de inovação”, disse. O que não parece faltar na empresa é justamente novos desafios.